Psicanálise: sexualidade infantil
Resumo
O que seria da Psicanálise sem as teses freudianas a respeito da sexualidade infantil? De que inconsciente se trataria, então? Nenhum psicanalista se disporia sequer levar a sério perguntas tão descabidas. Entretanto, sabemos da presença de controvérsias no universo das teorias psicanalíticas sobre o que seja e qual seja o lugar da sexualidade infantil na condução das análises. Um livro merece ser especialmente lembrado nesse contexto: Lês Chaînes d’Eros – actualité du sexual (André Green, 1997). O que levou Green a afi rmar veementemente a sexualidade infantil – ou seja, a vida erótica presente desde o nascimento – nas bases da conduta analítica parece ser uma preocupação com os destinos das pulsões nas diversas teorizações contemporâneas. O debate, cujo foco é a sexualidade infantil, é um debate sobre os destinos da psicanálise entendida desde o interior de seus próprios fundamentos. Por levarmos em conta a importância desse aspecto no processo de formação de analistas e na condução de todas as análises, decidimos propor a dois colegas que colaborassem, nesta edição de Percurso, atendendo à nossa seguinte formulação: “Completado mais de um século da publicação de Três Ensaios de Teoria Sexual, que sabemos compartilhar importância com A Interpretação dos Sonhos, gostaríamos do seu comentário sobre a relevância e a pertinência atuais desse texto freudiano para as elaborações psicanalíticas contemporâneas.” O leitor, agora, contará, em suas próprias ponderações, com as palavras que se seguem para indagar a Psicanálise sobre ela própria.