Por uma clínica da cultura

Autores

  • Glaucia Peixoto Dunley Psicanalista

Palavras-chave:

escuta, ceasm, interpretação, clínica da cultura, dívida, dom, outrem, laço social, comum

Resumo

Trata-se de apresentar as principais linhas de força da experiência da ong ceasm – Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré, obtidas por meio de uma escuta participativa, durante três anos, junto a membros fundadores, coordenadores de redes e participantes. Essa escuta relaciona-se ao desejo de contribuir freudianamente para a elaboração de uma interpretação da cultura contemporânea com base nos movimentos sociais nascidos em favelas, dos quais a ong ceasm é exemplar. Ela se desdobra na ideia de construir uma clínica da cultura na qual a psicanálise surge como uma parceira possível do ceasm, pois, para além da escuta, dá sentido às estratégias autoemancipatórias implementadas por esta ong, evidenciando como ela trata o laço social falido através de uma política do dom, de uma ética do outrem e do reconhecimento da dívida, assim como de uma estética de valores.

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Biografia do Autor

Glaucia Peixoto Dunley, Psicanalista

É psicanalista, formada em medicina (Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)), especialista em Biofísica (Inst. Biofísica/UFRJ), mestre em Teoria Psicanalítica (UFRJ), doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ), com pós-doutorado em Comunicação e Cultura (ECO/UFRJ) e na Escola de Serviço Social (UFRJ), autora dos livros O silêncio da Acrópole – Freud e o trágico – Uma ficção psicanalítica (Forense Universitária/Ed. Fiocruz, 2001), A festa tecnológica – O trágico e a crítica da cultura informacional (Escuta/Ed. Fiocruz, 2005), e organizadora de Sexualidade e educação: um diálogo possível? (Gryphus/Forense Universitária, 1999). Nos dois pós-doutorados na UFRJ, desenvolveu um projeto de pesquisa e de participação social a partir da ideia de comum e de comunidade, articulando teoricamente psicanálise, filosofia, comunicação.

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Publicado

30-06-2010

Como Citar

Dunley, G. P. (2010). Por uma clínica da cultura. Percurso, 23(44), 47–66. Recuperado de https://percurso.openjournalsolutions.com.br/index.php/ojs/article/view/1196