Trauma e Perversão - Henti, a reinterpretação dos sexos
Palavras-chave:
terapia com perversos, dissociação, alienação interna, excitação precoce, perversãoResumo
Este texto apresenta os momentos fortes de um tratamento: a do paciente Henri, cuja organização perversa se construiu como uma proteção contra a psicose. O mecanismo dissociativo, reconhecível neste trabalho, permitiu-lhe, num primeiro tempo, isolar o universo traumático no qual viveu, onde a sexualidade e a violência são indissociáveis. As cenas de grandes excitações que lhe foram infligidas precocemente inscrevem marcas que se mantêm em estado selvagem dada a carência de representações verbais tranquilizantes. Com a diminuição progressiva da dissociação, Henri descobrirá pouco a pouco o caráter totalitário e alienante do domínio materno, que lhe impõe o segredo como uma forma de contrato íntimo. Quem é ele, se deixa de ser aquele que é tudo para sua mãe? Seria presunçoso afirmar que Henri aceita hoje plenamente a ideia de uma versão paterna do mundo na qual ele poderia se reconhecer. O que é certo: o terreno da transferência lhe permitiu instalar um terceiro espaço no qual ele não se sente mais indispensável à sua mãe. Por outro lado, sua paternidade reforça uma conexão através das gerações e integra cenas perversas até então dissociadas.
Tradução: Cláudia Berliner
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Referências
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