Tortura, o pior do humano

Autores

  • Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes Instituto Sedes Sapientiae

Palavras-chave:

tortura, destrutividade, ditadura civil-militar no Brasil

Resumo

A proposta deste artigo é a de apresentar a tortura como um ato que revela o pior do humano, tomando como referência textos de Freud e de outros autores deste campo. A existência de um resíduo de destrutividade instaurado na cultura a partir do assassinato do pai primitivo inscreve a tortura como uma prática dos humanos desde tempos imemoriais. O uso de cobaias humanas nos campos de extermínio nazistas; as práticas medievais de tortura e sua sustentação em diferentes momentos e países são exemplos de que a tortura é um procedimento dos humanos e nos permite afirmar que ela não se extingue apesar de sua reiterada proibição. A prática da tortura no Brasil durante a ditadura civil-militar instalada a partir de 1964 comprova que instrumentos de tortura usados na Idade Média, pelos inquisidores, foram incorporados pelos ditadores com o apoio do Estado brasileiro.

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Biografia do Autor

Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes, Instituto Sedes Sapientiae

É psicóloga e psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. Coordenadora Geral de Combate à Tortura da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (2009/2010). Doutora pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Autora dos livros: Pacto re-velado: psicanálise e clandestinidade política (Escuta, 1994), Estresse (Casa do Psicólogo, 2002) e Tortura: testemunhos de um crime demasiadamente humano (Casa do Psicólogo, 2013).

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Publicado

30-06-2014

Como Citar

Arantes, M. A. de A. C. (2014). Tortura, o pior do humano. Percurso, 26(52), 27–34. Recuperado de https://percurso.openjournalsolutions.com.br/index.php/ojs/article/view/1373