Os indigentes da memória
Palavras-chave:
desaparecidos, túmulo, ditadura militar, Bernardo KucinskiResumo
O artigo reflete sobre a importância dos rituais funerários e dos túmulos como signos da presença dos mortos na memória dos vivos. Tenta mostrar como essa exigência orienta o trabalho poético desde a Ilíada e como ela se repete no contexto doloroso dos desaparecidos da ditadura militar no Brasil, analisando notadamente dois textos recentes, entre ficção e testemunho, de Bernardo Kucinski. Por fim, pergunta-se a respeito do descaso manifestado no enterro em valas comuns de pessoas pobres, facilmente identificáveis, sem aviso às famílias que continuam, por anos, a procurar por desaparecidos.
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Referências
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Jornal Folha de S.Paulo, vários números de abril e maio de 2014.