Desloucamentos: língua errante/apátrida
Palavras-chave:
desloucamento, anarquivamento, estemunho, apatricidadeResumo
O texto desenvolve a noção de língua como “desloucamento” a partir de seis casos. Primeiro o caso Kafka: aí se mostra que a literatura é uma espécie de porteira da cripta e abre-nos o caminho para ela. O segundo caso, de Bispo do Rosário, mostra a força do anarquivamento do arquivo Iluminista/Humanista levada a cabo por artistas no sentido de recolecionar as ruínas dos arquivos e reconstruí-las de forma crítica. O caso seguinte é o de Paul Celan, para quem ninguém testemunha para quem testemunhou. Jean Améry apresenta a perda na confiança no mundo e o ser arremessado na estrageiridade provocados pela tortura que sofreu. Vilém Flusser defende que a Shoah, que o lançou na apatricidade e na ausência de solo, ensinou-o também a viver entre as línguas e sem a casa falsa da pátria. Por fim, com Almires Martins, indígena guarani, vemos como a memória da destruição está na base do empoderamento e (re)construção da linguagem.
Downloads
Referências
Abraham N.; Torok M. (1995). A casca e o núcleo. Trad. M. J. Coracini. São Paulo: Escuta.
Alter R. (1993). Anjos necessários: tradição e modernidade em Kafka, Benjamin e Scholem. Rio de Janeiro: Imago.
Améry J. (2013). Além do crime e do castigo. Rio de Janeiro: Contraponto.
Anders G. (1993). Kafka: pró e contra, os autos do processo. Trad. M. Carone. São Paulo: Perspectiva.
Benjamin W. (1982). Das Passagen-Werk. In: ____. Gesammelte Schriften. Org. por R. Tiedemann; H. Schweppenhäuser. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, vol. v.
____. (1972). Gesammelte Schriften, vol. iii: Kritiken und Rezensionen. Org. por R. Tiedemann; H. Schweppenhäuser. Frankfurt a.M.: Suhrkamp.
____. (1987). Obras escolhidas ii: Rua de mão única. Trad. R. R. Torres Filho; J. Barbosa. São Paulo: Brasiliense.
____. (1989). Obras escolhidas iii: Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo. Trad. José Carlos Martins Barbosa; Hemerson Alves Baptista. São Paulo: Brasiliense.
Caruth C. (2000). Modalidades do despertar traumático (Freud, Lacan e a ética da memória). Trad. C. Valladão de Mattos. In: Nestrovski A. e Seligmann-Silva M. Catástrofe e representação. São Paulo: Escuta, p. 111-36.
Celan P. (1983). Ansprache anlässlich der Entgegennahme des Literaturpreises der Freien Hansestadt Bremen. In Gesammelte Werke. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, vol. iii.
Flusser V. (2007). Bodenlos. Uma autobiografia filosófica. São Paulo: Annablume.
____. (1994). Von der Freiheit des Migranten. Einsprüche gegen den Nationalismus. Bensheim: Bollmann.
Freud S. (1970). Das Unheimlich. In Freud-Studieausgabe, vol. 4. Frankfurt/M.: Fischer Verlag.
Kafka F. (1998). Diários de viagem. Trad. Marcelo Rouanet. São Paulo: Atalanta.
Seligmann-Silva M. (1999). Ler o livro do mundo. Walter Benjamin: romantismo e crítica poética. São Paulo: Iluminuras/Fapesp.
____. (2005). O local da diferença. Ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução. São Paulo: Editora 34.