O falo e a falta: Notas sobre redesignações sexuais, intervenções hormonais e dores sem sujeito
Palavras-chave:
transexualidade, diversidade sexual, sistema sexo-gênero, KristevaResumo
Na era das faloplastias, coquetéis de hormônios e próteses de silicone, torna-se atual a nota de Freud, numa de suas Contribuições à psicologia do amor, sobre a anatomia como destino. De fato, se a equação freudiana reconhece a força da natureza, que nos faz nascer homem, mulher ou, havendo erro genético, hermafrodita, para então sonhar uma personalidade psíquica, sem que o falo seja privilégio do masculino, nem a falta do feminino, cabe repensar a frase que os ativismos transexuais passaram a formular, como inocentemente: “Eu nasci assim”. A fórmula reverte o construído em falsa naturalidade. Trata-se aqui de ressaltar que tais procedimentos, atravessados por tecnologias fármaco-médicas, alinham-se a certas filosofias pós, erguidas contra a metafísica da natureza, que ao mesmo tempo repelem o tecnogênero mas integram o farmacopoder. Enquanto teorias de gênero, talvez mais sutis, assinalam que nascemos homem ou mulher e só então nos tornamos tais, ou não. “Nascemos mulher, mas eu me torno mulher”: assim, enquanto psicanalista, Julia Kristeva repõe a complicação beauvoiriana.
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Referências
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