O patriarcado escravista, a masculinidade tóxica e a violência de Estado no Brasil

Autores

  • Mônica Guimarães Teixeira do Amaral Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo
  • Diego dos Santos Reis Universidade de São Paulo
  • Janaína Ribeiro Bueno Bastos Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

patriarcado colonial, masculinidade tóxica, violência do Estado, pacto narcísico, branquitude, negritude

Resumo

Este artigo busca refletir sobre a ação letal da polícia militar em um baile funk em Paraisópolis, em 2019, destacando a continuidade dos padrões mórbidos das relações étnico-raciais no Brasil. O objetivo é problematizar, com base nos aportes teóricos da psicanálise e dos estudos decoloniais, os modelos de civilidade forjados pelos signos da branquitude, como estruturadores das violências perpetradas pelos agentes do Estado.

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Biografia do Autor

Mônica Guimarães Teixeira do Amaral, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

É psicanalista, membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) e professora livre-docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

Diego dos Santos Reis, Universidade de São Paulo

É pós-doutorando na Faculdade de Educação da USP. Doutor, mestre e licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor substituto da Faculdade de Educação da UFRJ.

Janaína Ribeiro Bueno Bastos, Universidade de São Paulo

É pedagoga no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. Mestra e doutoranda em Educação pela Faculdade de Educação da USP.

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DVD

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(61min), color.

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Publicado

30-06-2020

Como Citar

Amaral, M. G. T. do, Reis, D. dos S., & Bastos, J. R. B. (2020). O patriarcado escravista, a masculinidade tóxica e a violência de Estado no Brasil. Percurso, 32(64), 19–30. Recuperado de https://percurso.openjournalsolutions.com.br/index.php/ojs/article/view/83