Psicanálise - uma leitura da condição humana
Resumo
Cada época apresenta desafios e impasses inéditos que nos obrigam a reler a história do homem a partir das transformações trazidas pelos novos fatos culturais, políticos e econômicos ou pelas novas ideologias, crenças e certezas. Pensar o homem exige que se leve em conta o contexto histórico da cultura, seus estilos de existência e suas relações de poder. A psicanálise nasceu como uma resposta à história da subjetividade do Ocidente no século passado e empreendeu uma leitura inédita sobre o sujeito, ao oferecer-lhe um saber que ele insistia não querer saber, revelando-lhe uma dimensão mais além. Se esta resistência persiste e os sintomas psíquicos seguem sendo erros, ainda que o campo das subjetividades tenha dimensões universais, ele se abre e é afetado pelas transformações históricas e sociais. Diante de tais mudanças nós, psicanalistas, temos nos ocupado em discutir os novos desafios com os quais nos confrontamos na tarefa de manter a essência de nosso trabalho. Dentre os debates produzidos, percebe-se que muitas vezes acabamos por privilegiar olhares nostálgicos ou mesmo pessimistas em relação ao lugar que a psicanálise ocupa ou poderá vir a ocupar no futuro. Para além das primeiras impressões e impactos das mudanças contemporâneas sentimo-nos convocados a continuar buscando novas reflexões que possam levar em conta a complexidade deste mundo pós-moderno. No intuito de prosseguir tais discussões e tomando como fio de orientação o tema eleito para este número da Revista Percurso, “Erro no âmbito da clínica e da teoria”, a sessão Debates convidou três colegas para responder a seguinte questão: Se o erro, ou melhor, o que a psicanálise insiste em revelar ao sujeito a sua revelia, é parte integrante do saber e da intervenção psicanalítica, seu paradoxo e sua razão de ser, o que podemos esperar do lugar da psicanálise na cultura nas próximas décadas e dos desafios que temos na continuidade de nossa tarefa?
Realização: Gisela Haddad e Vera Zimmermann