Mentiras na infância: criação, luto e negacionismo

Autores

  • Beatriz Martinho Azevedo Psicanalista
  • Adriana Barbosa Pereira Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Palavras-chave:

mentira, criança, luto, negacionismo

Resumo

Esse artigo foi desencadeado por um processo de supervisão que se deu a partir da escuta das pequenas mentiras de uma pré-adolescente atendida no início da pandemia, seguido pela leitura do texto “Minto, logo existo” da psicanalista Radmila Zygouris. A autora sugere retirar a mentira de uma lógica moralizante, e a aborda enquanto recurso psíquico que protege o sujeito. A psicanalista propõe uma distinção entre a mentira da criança e a do adulto, sobretudo das distorções e negacionismos vistos nas fake news. Entende-se que não é sem efeito quando a mentira é proferida por quem ocupa lugares de autoridade, com potencial abertura de uma ferida no valor social da palavra e da confiança no outro. O isolamento da pandemia coincidente com a crise democrática no Brasil, nos ajuda a refletir sobre as saídas encontradas pelas crianças e pelos jovens para fazer anteparo frente ao excesso de proximidade do outro, assim como para processar suas perdas, o que nos serve para além das especificidades desse momento histórico.

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Biografia do Autor

Beatriz Martinho Azevedo, Psicanalista

É psicóloga e psicanalista, bacharel em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e diplomada pela Université Lille 3, França (Licence). Atua em consultório particular e como acompanhante terapêutica.

Adriana Barbosa Pereira, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

É psicanalista e psicóloga (Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG), mestre e doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi, supervisora clínica e institucional em saúde mental da infância e juventude. Coorganizadora do livro Sonhar: figurar o terror, sustentar o desejo (Zagodoni, 2021) com Ernesto Coelho Jr; é autora de artigos em várias publicações.

Referências

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Publicado

30-06-2023

Como Citar

Azevedo, B. M., & Pereira, A. B. (2023). Mentiras na infância: criação, luto e negacionismo. Percurso, 35(70), 59–68. Recuperado de https://percurso.openjournalsolutions.com.br/index.php/ojs/article/view/1426