Elizabeth Roudinesco
(In)fidelidade à aventura freudiana
Resumo
Elisabeth Roudinesco confere a esta entrevista a sagacidade característica de suas idéias e posturas. Historiadora e psicanalista francesa, ela parece partilhar algo da trilha que reconhece na obra de Jacques Lacan, a quem descreve como “um homem [...] fundador de um sistema de pensamento cuja particularidade foi considerar que o mundo moderno posterior a Auschwitz havia recalcado, recoberto e rompido a essência da revolução freudiana” (1994). Roudinesco, ela própria, ao escrever essas linhas deixa entrever sua atenção dedicada ao que se passa com a psicanálise em seu/nosso tempo. Suas publicações situam a importância e a força do saber e da clínica, desde Freud, no interior das civilizações moderna e contemporânea, insistindo na lembrança de que o sujeito psíquico não se reduz ao cérebro e suas funções, bem como que a política e a história das sociedades estão implicadas nas dinâmicas dele constitutivas. Sendo assim, a ciência biológica que esquadrinha o corpo e o cérebro, ao buscar neutralizar a idéia radical de confl ito que funda o humano, nos coloca a todos sob o risco de uma espécie de “higienismo totalitário” que descarta a vida pulsional e o inconsciente..